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Biodiversidade
COP9 quer frear perda da biodiversidade
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  23/05/2008 



                                                     A cada hora, quatro espécies são perdidas no mundo


Os números gigantescos da destruição da biodiversidade comprovam que o mundo precisa fazer muito para poder comemorar o dia mundial da biodiversidade, 22 de maio.

PortoAlegre, RS - Estatísticas não faltam: A cada hora, quatro espécies são perdidas no mundo. A cada ano, 13 milhões de hectares de florestas, onde vivem cerca de 2/3 de todas as espécies terrestres, são destruídas – o equivalente a um terço do tamanho da Alemanha. No último século, 3/4 da diversidade genética de plantações foram perdidas. Atualmente, um em cada oito pássaros estão em risco de extinção.

Com números como este, o dia mundial da biodiversidade, comemorado nesta quinta-feira (22), deve ser o momento de reflexão sobre o futuro do planeta, que hoje não parece ser muito promissor. Em Bonn, na Alemanha, mais de cinco mil delegados e chefes de estado tentarão chegar a um acordo sobre como resolver a difícil equação de salvar espécies de plantas e animais das mudanças climáticas e poluição.

A prioridade da 9ª Convenção da Diversidade Biológica (CBD) é criar regras obrigatórias de acesso a recursos genéticos e divisão dos benefícios, um dos seus três objetivos, mas que desde a sua criação, há 15 anos, nunca ganhou um regime internacional. A COP9 iniciou na segunda-feira (19) e segue até o dia 30.

"É uma tarefa de Hércules colocar a comunidade internacional e cada país no caminho certo da sustentabilidade", disse o ministro do meio ambiente da Alemanha, Sigmar Gabriel, que foi enfático ao afirmar que se este caminho não for seguido, o mundo irá falhar em alcançar a meta. Segundo Gabriel, a taxa de extinção hoje é de cem a mil vezes maior que a natural.

O prazo estipulado pela CBD para chegar a um consenso é 2010, porém como  Convenção acontece a cada dois anos, a COP9 é um momento decisivo. A perda de biodiversidade também foi estabelecida para ser freada até 2010, tendo sido inclusive incorporada nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Porém frente aos números alarmantes citados no início do texto e ressaltados a todo momento em Bonn, parece que os cientistas estão perdendo muito mais tempo escolhendo o que salvar do que realmente agindo.

Custos

Muitas vezes pode parecer difícil entender o que significa a ameaça a milhões de espécies quando a rotina da maioria das pessoas envolve longos congestionamentos, horas dentro de quatro paredes e almoços rápidos em redes de "fast food". O planeta é povoado por seres urbanos que não estão nem um pouco familiarizados com o universo da biodiversidade. Para se ter uma idéia, metade das calorias ingeridas por uma pessoa diariamente, por exemplo, vem de apenas três das 30 mil plantas comestíveis do mundo – arroz, trigo e milho.

A biodiversidade, no entanto, está em tudo que é produzido no mundo e, por não ter que pagar nada para retirar da natureza tantos produtos e serviços, muitas vezes o homem não enxerga o verdadeiro valor deste bem.

A União Européia e o governo alemão estão preparando um documento, no estilo Relatório Stern, para mostrar quanto vale o que é oferecido de graça pelos ecossistemas naturais. Os resultados serão publicados no final de 2009 com o objetivo de chamar a atenção dos legisladores sobre a perda de biodiversidade, como o fez Stern com relação às mudanças do clima. E estes números não devem ser pequenos.

O relatório GEO-4 de 2007 do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas estabelece que a polinização de plantações por abelhas, por si só, vale de dois a oito bilhões de dólares, enquanto que o mercado de medicina herbácea global valia 42 bilhões de dólares em 2001.


Um estudo citado por Sigmar Gabriel e pelo secretário executivo da Convenção da Diversidade Biológica, Ahmed Djoghlaf, durante a CBD, mostra que áreas mundiais protegidas (APs) valem US$5 trilhões em serviços como alimentos, madeira e água purificada, comparado com US$1,8 trilhões do faturamento anual da indústria automobilística.

 

Gabriel descreveu as APs como a "espinha dorsal da CBD", e lamentou a inadequada extensão atual de cobertura destas áreas. "Uma das razões para isto é a falta de ligação dos países com recursos financeiros e aqueles com uma diversidade abundante", afirmou.

O "Live Web Initiative", ou simplesmente Initiative, pretende resolver este problema através da criação de uma parceria global entre doadores e países que procuram fundos para APs, como uma maneira de criar fundos sustentáveis de finanças. Gabriel anunciou que a Alemanha já destinou 40 milhões de euros e convidou outros países para fazerem parte.

Muitos nações, como Egito, Etiópia, Uruguai, Guatemala, Equador e Madagascar, deram boas vindas ao Initiative e as partes da Convenção foram convidadas a indicar locais que poderiam se beneficiar do programa. Jochen Flasbarth, do Ministério do Meio Ambiente da Alemanha, salientou que a Initiative não é um fundo, mas um mecanismo para criar parcerias bilaterais e multilaterais.

Extinção de espécies e a pobreza

Gabriel lembrou que a biodiversidade afeta a vida dos mais pobres em todo o mundo e que se nenhuma ação for tomada, a pesca comercial pode chegar a um fim em 2050 – um cenário devastador para milhões de pessoas que dependem da proteína do peixe.

Para Lea M. Scherl, da The Nature Conservancy, a ligação entre conservação e redução da pobreza precisa receber mais atenção durante esta COP. Lea apresentou quatro estudos em áreas de proteção marinha em diferentes países que comprovam esta relação. As quatro áreas contribuíram para a redução da pobreza através do aumento da pesca, novos empregos, melhor governança local, benefícios para a saúde, mais coesão social e retorno dos costumes e valores tradicionais.

Alimentos

O diretor geral assistente da Organização de Agricultura e Alimentos (FAO), Alexander Muller, ressaltou a importância da biodiversidade para a segurança alimentar. "Nosso planeta é repleto de riqueza biológica e esta grande diversidade é uma peça-chave para encarar a pior crise alimentar da história moderna", disse.

Segundo um relatório da FAO, quase centenas das sete mil raças animais registradas em bases de dados estão ameaçadas de extinção e, hoje, apenas 12 colheitas e 14 espécies animal fornecem a maioria da alimentação mundial.

"A erosão da biodiversidade por alimentos e agricultura compromete severamente a segurança alimentar global. Nós precisamos fortalecer nossos esforços para proteger e gerenciar com sabedoria a biodiversidade para a segurança alimentar. O seu uso sustentável é central para atingir a segurança e sustentabilidade do sistema de suprimento de alimentos", disse Muller.

Para conter a subida dos preços de grãos, Djoghlaf, diz ser crucial manter e promover a diversidade. "Conservação da biodiversidade não se refere a manter uma espécie longe da outra. Não significa construir cercas ao redor dos parques e manter os humanos fora. Se trata de interação entre todas as espécies e seus ecossistemas naturais", ressaltou.

Djoghlaf citou o problema de queda na população das abelhas mundialmente como um exemplo das conseqüências na cadeia alimentar por inteiro. "Aqui na Alemanha tivemos uma queda de 35% na população de abelhas ao redor do país, no leste dos Estados Unidos houve uma queda de 70% nos estoques de abelhas. Se os polinizadores desaparecerem, também o irão muitas espécies de plantas. Se tirarmos uma ligação, a cadeia está quebrada", afirmou.

Para enfatizar a ameaça, a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) disse que secas de longo termo e climas extremos também estão prejudicando espécies de pássaros em todo o mundo. A "Lista Vermelha 2008" da IUCN mostra que 1.226 espécies de pássaros estão hoje ameaçados. "Esta última atualização mostra que os pássaros estão sob enorme pressão por causa das mudanças climáticas", disse a chefe do programa de espécies da IUCN, Jane Smart.

Desmatamento

Paralelo as atividades oficiais, a CBD é o fórum para reivindicações de movimentos ambientalistas de todo o mundo. O Greenpeace, por exemplo, pediu ontem aos países industrializados que estabeleçam um fundo de luta contra o desmatamento, mas alertou que isto exigiria ao menos 30 bilhões de dólares por ano para funcionar. A idéia seria dar aos países mais pobres dinheiro para que preservassem as florestas naturais ao invés de derrubar árvores para a criação de áreas de fazendas, disse Roman Czebiniac, do Greenpeace.

Segundo ele, este é o único plano na mesa para "proteger tanto a biodiversidade quanto o clima". A Ong pediu que a proposta fizesse parte de uma iniciativa para lutar contra o desmatamento nas negociações do acordo climático pós-2012. Marcelo Marquesini, do Greenpeace Brasil, disse que um fundo internacional ajudaria o país a preservar suas florestas tropicais, as quais já tiveram uma redução de 17% para serem substituídas por agricultura.

Por Paula Scheidt, da Agência Carbono Brasil, com informações do IISD, IIED, International Herald Tribune, AFP

 

Fonte: EcoAgência   

   
       
 
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